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Redes Divorciais

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redes divorciais

“Maquiar um perfil no Facebook é fácil, difícil é conviver a longo prazo com a realidade depois que a conexão cai”

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Minha filha tem 20 meses. Só 20 meses! E sabe o que ela já sabe fazer?

Resposta sem corujice: ligar a TV no controle remoto, abrir o DVD pondo o disco do lado certo e ainda dar play, não confundir com o aparelho de blu-ray ao lado, ligar seus brinquedos nos botões certos, abrir seu computador de plástico colorido apertando as teclas certas, mexer no mini-mouse (acredita?!) que faz barulhinho de ratinho, apontar o celular pra falar com os “vovôs”, agora, sabe da última? Outro dia ela pegou meu I-Phone desligado e, pra meu estarrecimento, ligou naturalmente a tela luminosa escorregando seu dedinho pra liberar o equipamento. Pasmei! Meu irmão médico não sabia como driblar este sistema de segurança e minha filha já sabe! Onde este mundo vai parar? Isto assusta você? Nossas crianças nem conhecem um peão, mas já sabem de computador com precocidade feroz. Tomada já não atrai tanto quanto nosso mundo “googleado”. Temo, qualquer dia, descobrir que ela atualizou seu perfil no Orkut pra dizer às amiguinhas que fez 2 anos!

A verdade é que sou da idade da pedra, ou melhor, do Palm Top – que era ultra moderno tempos atrás. Hoje, do NintendoDS, passando pelo Mac-I-Pad-Book-Air-Phone-4G, até o Wi-Fi, wireless, HDMI, e todos os gadgets possíveis, um imenso Tera Byte já está cabendo dentro de uma Barbie “internautizada”. O mundo mudou, acelerou e virtualizou. E nós, seres das cavernas pras novas gerações, tentamos acompanhar uma criança webmaníaca que não se encanta mais com nossas fogueiras feitas. Melhor é pôr um óculos 3D baixando do YouTube uma lareira em HD pra TV de LED. É desolador!

Mas eu quero compartilhar com você outro susto dentro deste quadro assustador. A notícia era curta e arrepiava: Facebook influencia 28 milhões de divórcios no mundo. Isso mesmo. Vasculhei vários sites pra confirmar que a informação era mesma um pesadelo – acordado! Uma pesquisa britânica detectou que mais de 20% dos processos judiciais de separação mencionaram as redes sociais da web em seus argumentos. “A razão mais apontada tem que ver com conversas sexuais inadequadas de pessoas com quem os utilizadores não as deveriam ter”, citou o jornal espanhol Expansión.

Enquanto o filme A Rede Social ganha prêmios contando a história do jovem bilionário fundador do Facebook, por debaixo do tapete disfarça-se uma verdade nua e crua: quanto mais nos modernizamos, mais ainda nos perdemos. A vanguarda da tecnologia revela o potencial da solidão. Algo que era pra ser bom reunindo virtualmente velhos amigos distanciados pela rotina real, traz consigo a verdadeira crise mundial estraçalhando famílias feitas pra serem “felizes para sempre”. Tem coisa errada, e muito errada. A Internet – que pode ser benção interligando um mundo carente de informação – escancara humanos cujos corações ilhados de afeto “pulam a cerca” virtualmente pra disfarçar o vazio de pele e osso.

A verdade é que tem gente caindo na miragem das redes sociais alienando-se do melhor da realidade. Projetamos nossos avatares sonhados idealizando relações amorosas utópicas que resultam em cacos quebrados de famílias cuja cumplicidade alcançou distâncias abissais. Isso não pode – e não deve – acontecer com quem pôs uma aliança nos dedos e fez juras eternas ao coração.

E não culpe o veículo! Ninguém manda carro pra prisão – mas sim, algema o motorista bêbado que atropelou. Nem questionará a utilidade médica de uma seringa porque tem gente pondo heroína dentro. A bênção, ou maldição, de um instrumento é culpa de quem, e como, o utiliza. Acusar sites de redes sociais é como demonizar as espetaculares águas caribenhas só porque alguém se afogou lá. Prudência, equilíbrio, bom senso e muito cuidado são atribuições de quem navega, e não da web navegada. Por isso, aqui vai uma dica: encontre velhos amigos, mas fuja das velhas tentações. A fidelidade virtual exige coragem real de quem não clica antigas paixões.

O problema é tentar estar legitimamente próximo de alguém num ambiente cibernético de estereótipos. Em entrevista à rede americana ABC, a psicóloga Dorree Lynn disse que mídias sociais criam uma relação de falsa intimidade: “É muito mais fácil ir para a cama com alguém do que desenvolver um relacionamento duradouro. As redes sociais criam uma sensação de intimidade que não é genuína”. Inebriados pela ilusão sedutora, cônjuges alienam-se do amor que custa um preço largando-se à deriva em paixões gratuitas. Estou casado há 10 anos e 29 dias e sei o investimento emocional necessário para manter nossa “eterna lua-de-mel” estável. Não é fácil – mas, ô, se vale a pena! Não obstante, outros atalhos fáceis se exibem por aí prometendo fugazmente o que só a cumplicidade da convivência olho-no-olho pode ofertar.

As redes sociais estão aí pra interligar pessoas, não para puxarem-nas ao submerso da solidão. A cama real comprada em prestações – com tanto esforço – vale mais do que os lençóis de cetim virtuais cobrindo as armadilhas frustrantes do divórcio. Lembre-se: maquiar um perfil no Facebook é fácil, difícil é conviver a longo prazo com a realidade depois que a conexão cai. Pague o preço da vida a dois, e não se encante com descontos da ilusão em código binário. Seja você e valorize quem aguenta você! Afinal, seus defeitos e manias não seriam suportados por ninguém no Virtual Mundo dos Perfeitos.

Guarda o que te foi confiado, evitando falatórios inúteis e profanos” (I Timóteo 6:20) . Ah, se Paulo vivesse em nossos tempos talvez escreveria a seu pupilo aprendiz: “evitando links inúteis e relacionamentos virtuais profanos”. Vivemos num tempo em que a comunicação extrapolou as previsões mais exageradas dos futuristas do passado. Ou ficamos espertos com o que “nos foi confiado”, ou aumentaremos ainda mais as tristes estatísticas de quem não está aproveitando a modernidade a favor da sua felicidade eterna. Enquanto minha filha liga meu I-Phone, desligue sua aproximação da tentação fugaz. Curta as redes sociais pra fazer novos-velhos-amigos, mas não jogue fora a felicidade que só você pode ter com escolhas acertadas.

E que esta felicidade seja verdadeiramente… real.

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